Olorum o Criador do Ayê (Terra) e do Orun (Céu), criou primeiramente Oxalá o Rei do Pano Branco, ele foi encarregado de criar o mundo com o poder de sugerir (àbà) e o de realizar (àse). Para cumprir sua missão, antes da partida, Olorum entregou-lhe uma cabaça que era o saco da criação. O poder que lhe fora confiado não o dispensava, entretanto de submeter-se a certas regras e de respeitar diversas obrigações como os outros orixás.
Oxalá pôs-se a caminho apoiado num grande cajado de estanho, seu paxorô. No momento de ultrapassar a porta do Além, encontrou Exé, que, entre as múltiplas obrigações, tinha a de fiscalizar as comunicações entre os dois mundos. Exé descontente com a recusa de Oxalá em fazer as oferendas prescritas, vingou-se o fazendo sentir uma sede intensa. Oxalá, para matar sua sede, não teve outro recurso senão o de furar com seu paxorô, a casca do tronco de um dendezeiro. Um líquido refrescante dele escorreu: era o vinho de palma. Ele bebeu o vinho abundantemente e ficou bêbado, assim não sabia mais onde estava e caiu adormecido. Veio então Odudua, criado por Olorum depois de Oxalá e o maior rival deste. Vendo Oxalá adormecido, roubou-lhe o saco da criação, dirigiu-se à presença de Olorum para mostrar-lhe seu achado e lhe contar em que estado se encontrava Oxalá. Olorum exclamou que se Oxalá estava neste estado, que fosse Odudua. Odudua saiu assim do Além e encontrou diante de uma extensão ilimitada de água.
Então ele deixou cair uma substância marrom contida no saco da criação. Era terra. Formou-se, então, um montículo que ultrapassou a superfície das águas. Aí, ele colocou uma galinha cujo os pés tinham cinco garras. Esta começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície das águas. Onde ciscava, cobria as águas, e a terra ia se alargando cada vez mais, o que em iorubá se diz ilè nfé, expressão que deu origem ao nome da cidade de Ilé Ifé. Odudua aí se estabeleceu, seguido pelos outros orixás, e tornou-se assim o rei da terra.
Quando Oxalá acordou não mais encontrou ao seu lado o saco da criação. Despeitado, voltou a Olorum. Este, como castigo pela sua embriaguez, proibiu ele e todos os orixás brancos de beber vinho de palma e usar azeite de dendê. Confiando-lhe então, como consolo, a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos, aos quais ele, Olorum, insuflaria a vida.
Todos os orixás no candomblé de angola são chamados de Minkisi (plural de Nkisi), eu colocarei seus respectivos Minkisi em parênteses.
Os Orixás:
Oxalá ou Oxalufã (Lemba Nganga)
Dia: Sexta-feira
Cor: Branco leitoso
Símbolo: Paxorô (cajado)
Elementos: Atmosfera e Céu
Domínios: Poder procriador masculino, criação, vida e morte
Saudação: Epa Babá!
Comida: Canjica
Número: 16 e 8
Oxalufã é o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço onde tudo pode ser criado, e também a paz, harmonia, sabedoria que vem depois do conflito. O fim do círculo e o recomeço. Oxalufã é o compasso da terra. Caminha apoiado em seu cajado cerimonial, que é também o símbolo da ligação que ele estabeleceu entre o Orun e o Ayê.
Oxalufã morava com o filho Oxaguiã. Quando resolveu visitar o outro filho, Xangô, Ifá disse que ele correria perigo na viagem, mandou levar três mudas de roupa, sabão e ori (creme de dendê), e recomendou que não brigasse com ninguém. Na viagem, Oxalufã encontrou Exu que estava disfarçado, que o abraçou e sujou de dendê, controlando-se para não brigar, ele se lavou, vestiu roupa limpa e despachou a suja com ori. Isso se repetiu com o mesmo disfarçado de outra pessoa, que o sujou de carvão, e de novo, que sujou-lhe com óleo de caroço de dendê. Adiante, encontrou um cavalo que havia dado ao filho Xangô, quando o pegou, os criados de Xangô chegaram, pensaram que ele estava roubando o animal e o jogaram na prisão, onde ficou por sete anos. Nesse tempo, o reino sofreu seca, os alimentos acabaram e as mulheres ficaram estéreis. Ifá disse a Xangô, que foi procurar respostas, que isso só estava acontecendo porque havia um inocente na prisão. Xangô mandou revistar as prisões e reconheceu o pai. Ele mesmo o lavou e vestiu, e então o reino voltou a ser próspero.
Oxalá ou Oxaguiã (Lemba Dilé)
Dia: Sexta-feira
Cor: Branco e azul
Símbolo: Caramujo, espada ou escudo
Número: 4
Comida: Inhame pilado
Saudação: Exeuê, Babá!
Oxaguiã, também conhecido como Lemba Dilé, é o conflito que antecede a paz, a revolução que antecede as transformações profundas, a instabilidade necessária ao dinamismo da vida e da sociedade e a busca do conhecimento. Ele também é guerreiro, e sente prazer em destruir para que o novo se estabeleça.
Oxaguiã nasceu de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo sem sentido. Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado. Apesar de feliz com sua cabeça, ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (Iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhado o orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça equilibrada e sem problemas.
Oxum (Ndanda Lunda)
Dia: Sábado
Cores: Amarelo ouro
Símbolo: Abebé (Leque com espelho)
Elemento: Água doce (Rios, cachoeiras, lagos)
Comida: Omolocum
Domínios: Amor, riqueza, fecundidade, gestação e maternidade
Saudação: Òóré Yéyé ó!
A mais bela Iyabá, é orixá das águas doces, dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, prosperidade e beleza. O seu nome é derivado do rio Osun, que corre em Ijexá na Nigéria. Também é o orixá da maternidade, as mulheres quando grávidas, pedem a Oxum um parto com êxito.
Oxum era a mais bela e amada filha de Oxalá. Dona de beleza e meiguice sem iguais, a todos seduzia pela graça e inteligência. Oxum era extremamente curiosa e apaixonada. E quando certa vez se apaixonou por um dos Orixás, quis aprender com Ifá a ver o futuro. Como o cargo de Oliô (Dono do segredo) não podia ser ocupado por uma mulher, Ifá recusou-se a ensinar o que sabia a Oxum. Pois então Oxum seduziu Exú, que não pode resistir ao encanto de sua beleza e pediu-lhe que roubasse o jogo de Ikin (casca de coco de dendezeiro) de Ifá. Para assegurar o seu empreendimento, Oxum partiu para floresta em busca de Iyami Oshoronga, as perigosas feiticeiras africanas, a fim de pedir também a elas que a ensinasse a ver o futuro. Como as Iyami desejavam provocar Exú há tempos, não ensinaram Oxum a ver o futuro, pois sabiam que Exú havia roubado os segredos de Ifá, mas ao fazer inúmeros feitiços em troca de que a cada um deles. elas recebessem uma oferenda. Tendo Exú conseguido roubar os segredos de Ifá, o Deus da adivinhação se viu obrigado a partilhar com Oxum os segredos do oráculo e lhe entregou 16 búzios com que até hoje as mulheres jogam.
Iemanjá (Kayá)
Dia: Sábado
Cor: Branco, prateado, azul e rosa
Símbolo: Abebé prateado
Elementos: Todas as águas, principalmente as do mar
Comida: Manjar branco, arroz com mel
Domínios: Maternidade, saúde mental, psique
Saudação: Odô Iyá !
É a rainha do mar e de todas as águas do mundo. O seu nome deriva de YéYé Omó Eja, que significa, mãe cujo os filhos são peixes. Ela é mãe de todos, é ela quem sustenta a humanidade, é também o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças. É a deusa da fecundidade e protetora dos pescadores e jangadeiros.
Infeliz com seu casamento com Oduduá e cansada de viver em Ifé, um dia ela saiu rumo ao oeste e conheceu o rei Okerê, por quem se apaixonou. Envergonhada de seus seios fartos, Iemanjá pediu ao novo esposo que nunca a ridicularizasse por isso. Ele concordou. Porém, um dia, embriagado começou a ofender a esposa. Entristecida, Iemanjá fugiu. Desde menina, ela carregava um pote com uma poção que o pai lhe dera para caso de perigo. Durante a fuga, Iemanjá caiu quebrando o pote e a poção a transformou num rio cujo leito seguia em direção ao mar.
Obaluaiê (Kaviungo)
Dia: Segunda Feira
Cor: Preto, branco e vermelho
Símbolo: Xaxará ou Íleo
Elementos: Terra e fogo do interior da terra
Comida: Deburu (Pipoca com côco)
Domínios: Doenças, curas, saúde, vida e morte
Saudação: Atotoô !
Obaluàyé é um termo que significa "rei e senhor da terra". Oba (rei) + Aiye (terra), outra corrente o define como Omolu que significa "dono da terra ou senhor da vida". Obaluaiê é o poderoso e temido orixá da varíola e das doenças principalmente as epidêmicas, Ele possui o poder de causar doença e o poder de possibilitar a cura do mesmo mal que criou. O capuz de palha da costa (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que não o olhem de frente. O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado e medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Obaluaiê, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Obaluaiê venceu a morte, debaixo do aze Ele guarda os segredos da morte e do renascimento.
Filho de Oxalufã e Nanã, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muitos no mundo. Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar, e lá ele foi mordido por caranguejos, causando feridas horríveis em seu corpo. Ao sair em seu passeio pelo seu reino, Iemanjá encontrou o cesto que estava Obaluaiê, Reconhecendo a criança como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e criou como seu filho. O tempo foi passando e a criança cresceu e se tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa para esconder seu corpo coberto de feridas. Então ele retorna para a aldeia onde nasceu e encontra todos os orixás em festa, mas envergonhado de seu aspecto não entrou na festa e fica escondido observando os orixás. Ogum percebe que Obaluaiê não veio dançar e compreende a razão, e resolve trazê-lo para dentro da festa. Feito isso, Obaluaiê entrou na festa, foi quando Iansã se aproximou e com seu vento soprou a roupa de palha de Obaluaiê e suas feridas pularam para o alto e se transformaram numa chuva de pipocas e todos vêem Obaluaiê como um rapaz bonito, sadio e brilhante como o Sol.
Nanã (Nzumbarandá)
Dia: Terça Feira
Cor: Anil, branco e roxo
Símbolo: Ibiri (bastão de hastes de palmeira)
Elemento: Terra, água e lodo
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade, o reino dos eguns
Comida: Pés de galinha, folha de mostarda com arroz
Saudação: Salubá !
Nanã é a deusa dos mistérios, que possui origem simultânea à criação, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou o saco da criação com a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, que é domínio de Nanã. Ela é basicamente orixá dos mangues, pântanos, senhora da morte responsável pelos portais de entrada e saída das almas. O termo "Nanan" significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra. Ela também é a senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Obaluaiê.
Viajante, conquistador, numa de suas viagens, Ogum aproximou-se das terras de Nanã. Sabia que o lugar era governado por uma velha e poderosa senhora. Se quisesse, não seria difícil tomar as terras de Nanã pois, para Ogum, não havia exército, nem força que o detivesse. Mas Ogum estava ali apenas de passagem. Seu destino era outro, mas seu caminho atravessava as terras de Nanã. Isto ele não podia evitar e nem o importava, uma vez que nada o assustava e Ogum nada temia. Na saída da floresta, Ogum deparou-se com um pântano, lamacento e traiçoeiro, limite do início das terras de Nanã. Era por ali que teria que passar. Seu caminho, em linha reta, era aquele, por pior que fosse e não importando quem dominava o lugar. O objetivo de Ogum era o que realmente lhe importava. Parou à beira do pântano e já ia atravessá-lo quando ouviu a voz rouca e firme de Nanã que dizia para ele pedir licença para adentrar suas terras, Ogum respondeu com arrogância que ele nunca pedia e sim tomava, porém Nanã retrucou para que ele pedisse licença, contudo ele ameaçou Nanã e prosseguiu, Nanã apenas cerrou os olhos e determinou ao pântano que tragasse o imprudente guerreiro. E assim aconteceu. Aos poucos, Ogum foi sendo tragado pela lama do pântano, obrigando-o a lutar para salvar sua vida. Ogum lutou muito, observado por Nanã, até que conseguiu salvar-se das águas pantanosas e da lama que o devorava, ofegante e assustado, este sentenciou-a e recuou e teve que achar outro caminho, longe das terras de Nanã. Esta então aboliu o uso de metais em suas terras.
Oxumaré (Angorô)
Dia: Terça feira
Cores: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco íris
Símbolos: Ibiri, serpente, círculo, bradá
Elementos: Céu e terra
Comidas: "Cobra" feita de batata doce amassada e banana figo frita em azeite doce
Domínios: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes
Saudação: A Run Boboi !!
Oxumaré é o segundo filho de Nanã, irmão gêmeo de Ewá, Obaluaiê seu irmão mais velho e Ossaim eu irmão mais novo, que são vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação da árvore, é o orixá do arco íris que liga o céu e a terra, é também encarregado de levar a água aos céus pelo arco íris para que tomem a forma de nuvem para que depois ela caia como chuva, simbolizando o ciclo das chuvas.
Certa vez, Xangô viu Oxumaré passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Xangô conhecia a fama de Oxumaré de não deixar as pessoas dele se aproximar. Preparou então uma armadilha para capturar Oxumaré. Mandou uma audiência em seu palácio e, quando Oxumaré entrou na sala do trono, os soldados chamaram a presença de Xangô e fecharam todas as portas e janelas, aprisionando Oxumaré junto com Xangô. Oxumaré ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora. Xangô tentava tomar Oxumaré nos braços e Oxumaré escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Oxumaré pediu a Olorum e Olorum ouviu sua súplica. No momento em que Xangô imobilizava Oxumaré, Ele acabou se transformando numa cobra que Xangô largou com medo. A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos. Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra.
Ewá (Angorômea)
Dia: Sábado
Cores: Vermelho vivo, coral e rosa, amarelo
Símbolos: Lira, arpão, ofá
Elementos: Florestas, céu rosado, astros e estrelas, tudo que é virgem ou inexplorado
Comidas: Eja Isu (peixe com inhame, salada de milho/feijão/côco) e frutas em geral
Domínios: Beleza, vidência, criatividade, possibilidades, sexto sentido, sensibilidade, virgindade
Saudação: Rinró Ewá!
Ewá é uma bela virgem que um rei se apaixonou, porém não conseguiu conquistá-la, Ewá fugiu do rei e foi acolhida por Obaluaiê que lhe deu refúgio. Ewá mora nas matas inalcançáveis, ligada a Irokô e Oxóssi, e tornou-se uma guerreira valente e caçadora habilidosa. Ewá é casta, a senhora das possibilidades. Ela domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Ifá lhe concedeu. Tudo que é inexplorado conta com sua proteção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos que não se pode nadar ou navegar. A própria Ewá, acreditam alguns, só é iniciada na cabeça de mulheres virgens.
De certa feita estando Ewá à beira do rio com um igba cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de Iku (a morte). Pedindo seu auxílio, Ewá despejou toda a roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima de Ifá e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição. Ewá respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço. Ao desaparecer, Ifá saiu de baixo do igba e levou Ewá para casa, a fim de torná-la sua mulher e conceder-lhe o domínio da vidência.
Ossaim (Katendê)
Dia: Quinta feira
Cores: Verde e branco
Símbolos: Pilão e Opassaníyn (haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo)
Elementos: Florestas e plantas selvagens (Terra)
Comidas: Feijão preto com mel e côco
Domínios: Medicina e liturgia através das folhas
Saudação: Ewé Asá ! (Oh! Folhas)
Ossaim é o orixá das ervas medicinais e litúrgicas detentor do axé das folhas que nem mesmo os orixás podem privar-se e devem a ele referência. Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua interferência e assistência. É o senhor das Jinsaba (folhas) e companheiro constante de Ifá. Cada orixá possui suas próprias folhar, mas só Ossaim conhece seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam seu poder, a sua força. É o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza.
Ossaim recebera de Olodumaré o segredo das folhas. Ossaim sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria, as doenças e os acidentes. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta. Eles dependiam de Ossaim para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas. Xangô cujo temperamento é impaciente, guerreiro e impetuoso, irritado por esta desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar Ossaim a propriedade das folhas. Falou dos planos à sua esposa Iansã, explicou-lhe que, em certos dias, Ossaim pendurava, num galho de Irokô, uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas, então ele pediu para que Iansã que possuia o poder dos ventos desencadear uma tempestade bem forte num desses dias. Iansã aceitou a missão com muito gosto. O vento soprou a grandes rajadas, levantando o telhado das casas, arrancando árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado, soltando a cabaça do galho onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram. Os orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas, mas Ossaim permaneceu "senhor do segredo das folhas" de suas virtudes e das palavras que devem ser pronunciadas para provocar sua ação. E assim, continuou a reinar sobre as plantas como senhor absoluto, graças ao poder que possui sobre elas.
Irôko (Tempu)
Dia: Terça feira
Cores: Branco, verde, castanho
Símbolo: Árvore/tronco
Domínios: Ancestralidade
Comidas: Verduras e cebola
Saudação: Iroko Issó! Eró! Iroko Kissilé.
Irôko é considerado um orixá raro e tratado com tal, ou seja, possui poucos filhos e raramente se vê Irôko manifestado nos terreiros. É um orixá muito antigo, foi a primeira árvore plantada e pela qual todos os orixás desceram à Terra. O culto a este orixá é um dos mais populares e as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve correr o risco de desagradar Irôko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem. Na África, a morada de Irôko é a árvore iroko, chamada "amoreira africana". No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Irôko habita a gameleira branca, nos terreiros costuma ter uma árvore dessas assinalada por um "ojá" (laço de pano branco) ao seu redor. Nas reuniões dos orixás está sempre presente Irôko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. Está presente até no panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronos (Saturno), o Senhor do tempo e do espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da eternidade.
Irôko era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira e a outra Ogboí, uma mulher normal. Irôko foi morar numa gameleira branca frondosa e suas irmãs em casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um passarinho. Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé também teve que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí. Foi então que os filhos de Ogboí pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então a floresta caçar passarinhos, que seus filhos insistiam comer. Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Irôko e de sua árvore mesmo ele vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí. Desesperada com a perda da metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogboí ofereceu sacrifícios ao irmão. Deu-lhe um cabrito e outras coisas. Irôko aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos.
Iansã ou Oyá (Matamba)
Dia: Quarta feira
Cores: Marrom, vermelho e rosa
Símbolos: Espada, eruexim (Rabo de cavalo), chifre de búfalo
Elementos: Ar em movimento, todo tipo de vento, fogo
Domínios: Tempestades, ventanias, raios, morte
Comidas: Acarajé
Saudação: Eparrêi Oyá !
É a orixá dos ventos e dos raios, a deusa que comanda as tempestades e também os eguns (espíritos dos mortos), os quais controla com o Eruexim. Oyá é guerreira e esposa amada de Xangô que recebeu dele o título de Iansã que faz referência ao entardecer, que pode ser traduzido como "a mãe do céu rosado" ou a "mãe do entardecer" por que ela era radiante como o entardecer ou como o céu rosado e é por isso que o rosa é sua cor por excelência. A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover. Essa mulher cheia de encantos foi capaz de transformar-se num búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça. Costuma-se saudá-la após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque Oyá é uma das apaixonadas amantes de Xangô, e o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da sua amada. O bambuzal é o domínio de Iansã. Ela é basicamente a mulher que acorda de manhã, dá um beijo nos filhos e vai à luta, é uma mulher que quer um homem para amá-la e não sustentá-la, a mulher guerreira.
Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago, notando algo diferente no animal, Ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se em uma linda mulher. Era Oyá, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre. Oyá fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro. Depois foi à cidade e passou a seguir a mulher até que criou coragem o começou a cortejá-la, mas ela recusou a corte. Quando anoiteceu, ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo, Oyá foi obrigada a se casar com ele, apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibí-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa. Chegando em casa, Ogum explicou para suas outras esposas que Oyá iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem, enquanto Ogum ia trabalhar, Oyá passava o dia procurando sua trouxa. Desse casamento nasceram nove crianças, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia Oyá. Depois que Ogum dormiu as mulheres foram insultá-la, dizendo que ela era um animal e revelando que sua trouxa estava no celeiro. Oyá encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos. Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo bater as duas pontas, que ela iria socorrê-los imediatamente.
Xangô (Nzazi)
Dia: Quarta feira
Cores: Vermelho, marrom e branco
Comidas: Amalá, ajobô
Símbolos: Oxés (machados de duas lâminas), Edún Àrá, xerê
Elementos: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas, planaltos
Domínios: Poder estatal, justiça, questões jurídicas
Saudação: Kawó Kabiesilé !
Xangô é o orixá dos raios, trovões. grandes cargas elétricas, do fogo e da justiça, é marido de Oyá, Oxum e Obá. É viril e atrevido, justiceiro e violento, castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Xangô foi um grande rei que unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de Egungun, muitos orixás possuem relação com os Eguns, mas ele é o único orixá que, verdadeiramente, exerce poder sobre os Eguns.
Xangô era rei de Oyó, o mais temido e respeitado de todos os reis. Mesmo assim, um dia seu reino foi atacado por uma grande quantidade de guerreiros que invadiram a cidade violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas. Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então procurar por Ifá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e quando estava no ponto mais alto foi tomado de uma extrema fúria. Pegando seu oxê, começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clêmencia. Levados até o rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Desculpou-se pedindo perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria, e sim forçados por um monarca, vizinho de Oyó, que tinha um grande ódio de Xangô e o martirizava impiedosamente. Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súdito de seu reino. Assim tornou-se conhecido como o orixá justiceiro que perdoa quando defrontado com a verdade, mas queima com seus raios os mentirosos e delinquentes.
Obá (Mourylece)
Dia: Quarta feira
Cores: Marrom raiado, vermelho e amarelo, ás vezes, cor-de-rosa
Símbolos: Ofange (espada) e escudo, ofá (arco e flecha)
Elementos: Fogo e águas revoltas
Comidas: Amalá
Domínios: Amor, sucesso profissional
Saudação: Obà Siré !
Obá foi a primeira esposa de Xangô, representa as águas revoltas dos rios. As pororocas, as águas fortes, o lugar das quedas são considerados domínios de Obá. Ela também controla o barro, a água parada, lama, lodo e as enchentes. Representa os aspectos masculinos presentes nas mulheres e a transformação dos alimentos crus em cozidos. É mais forte que muitos orixás masculinos, vencendo na luta Oxalá, Iansã, Oxumaré e Exú.
Quando Xangô trouxe a valente Obá para casa como sua terceira esposa, Oxum quase morreu de ciúmes. Logo se tornaram rivais. Tentando imitar o refinamento de Oxum, Obá espreitava na cozinha para descobrir os segredos das receitas que ela fazia para Xangô e, assim, surpreender o marido com as iguarias. Louca da vida com a espiã, Oxum preparou uma armadilha. Escondeu suas orelhas sob um lenço e começou a cozinhar uma cheirosa sopa em que boiavam dois grandes cogumelos. Como quem não quer nada, Obá perguntou a Oxum o que fazia. Ela deu a entender que, por amor, havia cortado as próprias orelhas para fazer o prato preferido do marido, uma sopa afrodisíaca. Quando Xangô chegou, devorou a saborosa sopa de cogumelos e logo levou Oxum para o quarto. No dia seguinte, Obá resolveu que queria mostrar também o quanto ama Xangô. Cortou uma de suas orelhas e fez um cozido. Quando chegou em casa e viu aquela comida horripilante, Xangô jogou o prato e repreendeu a esposa. Vitoriosa, Oxum desamarrou o lenço e Obá viu que ela ainda estava com as orelhas. Cheia de fúria, Obá avançou em direção a Oxum e as duas entraram em uma grande batalha. Quando as filhas de santo incorporam Oxum e Obá nos terreiros, elas não podem ficar juntas, pois uma irá partir pra cima da outra.
Ogum (Nkosi)
Dia: Terça feira
Cores: Verde ou azul escuro, vermelho (algumas qualidades)
Símbolos: Bigorna, faca, pá, enxada e outras ferramentas
Elementos: Terra (florestas e estradas) e fogo
Comidas: Feijoada e cerveja
Domínios: Guerra, progresso, conquista, metalurgia
Saudação: Ògún ieé !
Ogum é o orixá da guerra, da coragem, da força e do ferro, protetor dos templos, das casas e dos caminhos. Era um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos.
Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho. Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no dia de sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto. Ogum tinha fome e sede, viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. Ogum que não possui paciência enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a quebrar com golpes os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas, enquanto saciava sua fome e sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ogum. Satisfeito e calmo, Ogum lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera o bastante. Baixou a ponta de sua espada ao chão e desapareceu terra adentro com uma barulheira assustadora tornando-se assim um orixá.
Oxóssi (Kabila ou Mutalambô)
Dia: Quinta feira
Cores: Azul turquesa
Símbolos: Ofá, erukeré
Comidas: Milho vermelho cozido enfeitado com pedacinhos de côco sem casca
Elementos: Terra (florestas e campos cultiváveis)
Domínios: Caça, agricultura, alimentação, fartura
Saudação: Òké Aro ! Arolé !
Oxóssi é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que lá habitam, orixá da fartura e da riqueza. Oxóssi é a expansão dos limites, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte.
Oduduá, diante de seu palácio, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura. De repente, um grande pássaro, pousou sobre o palácio, lançando seus gritos malignos, e lançando farpas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as feiticeiras Iyami Oshorongá. Todos se encheram de pavor, prevendo catástrofes. O rei mandou buscar Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro desperdiçou todas as suas investidas contra o grande pássaro. Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarrão, apesar de sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu. Por fim, todos já sem esperanças, resolveram convocar Oxóssi, caçador de apenas uma flecha. Sua mãe, sabia que as Iyami viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua ira a não ser uma oferenda, uma vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas. Ela foi consultar Ifá para Oxóssi. Os Babalaôs disseram para ela preparar oferendas com ekùjébú (grão muito duro), também um frango òpìpì (frango de plumas crespas), èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira), seis kauris (buzios). A mãe de Oxóssi fez então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção e que oferecesse em uma estrada. Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abriu sua guarda recebendo a oferenda ofertada pela mãe do caçador, recebendo também a flecha certeira e mortal de Oxóssi. Todos após o ato, começaram a dançar e gritar de alegria.
Logun Edé (Telekompensu)
Dia: Quinta feira
Cores: Azul turquesa e amarelo ouro
Símbolos: Balança, ofá, abebé e cavalo marinho
Elementos: Terra (florestas) e água (rios e cachoeiras)
Comidas: Omolocum ou Milho vermelho cozido enfeitado com pedaços de côco sem casca
Domínios: Riqueza, fartura e beleza
Saudação: Lóci, Lóci Logun !
Logun é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é a principal característica dos seus pais. Rei de Ilexá, caçador habilidoso e príncipe soberbo. Vive seis meses nas matas caçando com seu pai e seis meses no rio com sua mãe, Logun não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, pode ser doce, feiticeiro, faceiro e benevolente como Oxum e pode ser sério, solitário e individualista como Oxóssi. Logun é um orixá de contradições, nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.
Um dia, Logun Edé, contrariando as ordens dos pais para que não brincasse perto do rio por ser perigoso, resolveu arriscar, atravessando de uma margem à outra, montado num tronco de árvore. Subitamente, o tronco virou e Logun Edé foi parar no fundo do rio. Mesmo sendo bom nadador não conseguiu chegar à tona. Aflitos e pressentindo algo de errado, Oxóssi e Oxum, seus pais, resolveram ir atrás dele e chegaram até o rio. O coração de mãe não se enganou. Oxum sabia que o filho estava no fundo do rio e apelou para Olorum, a fim de recuperar seu primogênito. Atendendo aos pedidos do deus da caça e da deusa da cachoeira, ergueu Logun Edé do fundo do rio e advertiu que Logun terá obrigação em zelar pelos rios e prover a pesca, desde então Logun Edé passou a reinar nos rios, a cuidar deles e ajudar aos pescadores.
Exú (Aluvaiá)
Dia: Segunda feira
Cores: Preto e vermelho
Símbolos: Ogó de forma fálica, falo humano ereto, molho de chaves
Comidas: Tudo que a boca come
Elementos: Terra e fogo
Domínios: Sexo, magia, união, poder e transformação
Saudação: Laroiê !
Exú é o mensageiro dos orixás, ele liga os humanos ao mundo dos orixás, faz a guarda e distribui bençãos de fertilidade, fartura, proteção astral, prosperidade e boa sorte nos negócios. É o senhor do princípio e da transformação. Exú não é totalmente bom, nem totalmente mau, assim como o homem, um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
Exu sempre tocava os seus tambores e alegrava as festas que os orixás davam. Sempre foi assim até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação. Então eles pediram a Exú que parasse com aquilo para que a paz voltasse a reinar. Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores. Novamente eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida. Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação foi censurada, e prometeu que daria a função à primeira pessoa que encontrasse. Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam denominados Ogans.
É isso pessoal, espero que tenham gostado.
Magus Phoenix !
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